30 anos sem Vinicius Parte II







Bossa Nova e Afins

Bem vindos, ao melhor da MPB.
Textos e canções.

sábado, 12 de junho de 2010

VIVO SONHANDO e MINHA NAMORADA

"Falar do bem que se tem
 Mas você não vem,
 Não vem
 Você não vindo a vida tem fim
 E eu a falar de estrelas, mar,
 amor e luar
 Pobre de mim que só sei te   amar"

 Vivo Sonhando (1963)
 Tom Jobim

Vivo Sonhando foi gravada pela primeira vez por Tom Jobim , em 10 de maio de 1963, Nova York. Em uma versão orquestrada com arranjos de Claus Orgeman, o Maestro preferido de Tom Jobim. O piano é executado por Tom Jobim .Esta canção faz parte do álbum " Antonio Carlos Jobim " gravado e produzido pela Elenco.

A HORA DA CRIAÇÃO

Tudo tem um começo, Tom Jobim nos fala do momento da criação de uma canção, sua melodia e letra.
" A criação resolve em parte a angústia. eu acho que quando você faz uma música você dissolve uma depressão. O piano funciona como espelho na correção de meus defeitos. Procuro sempre uma harmonia, uma coisa boa. Eu não ia fazer uma música para incentivar o ódio, nem para conduzir à droga. A música tem de levar ao reflorestamento, ao amor entre os homens e aos bichos. Aquele negócio que o Caetano Veloso falou sobre a Bossa Nova: O Brasil tem de merecer a Bossa Nova, ter uma mulher bonita, ir à praia, talvez um dia ter um barco, navegar num barquinho no mar azul.
O conselho da Bossa Nova é de levar a pessoa à vida".
Belas palavras.



VINICIUS, O POETA DA PAIXÃO.

Vinicius de Moraes, tem o seu mapa astral feito pelo astrólogo nas horas vagas, Carlos Lyra. O mapa interpretado por Carlinhos mostra duas tendências: Poesia e melancolia.
Explica, que Vinicius é na verdade um melancólico otimista. Para provar suas palavras Carlinhos recorre a um trecho de "Samba da benção" de Vinicius e Baden Powell que diz:
"E a tristeza tem sempre uma esperança de um dia não ser mais triste não"
A melancolia de Vinicius é a soma da tristeza com a esperança. Suas letras dizem isso. Toquinho diz que Vinicius morreu em busca da felicidade.
Eu diria que Vinicius morreu em busca da estrela derradeira como na canção " Minha namorada", dele e de Carlinhos Lyra.

"E os seus braços, o meu ninho
 No silêncio do depois
 E você tem de ser a minha estrela derradeira                                      
 Minha amiga e companheira                                                             
 No infinito de nós dois "

Quantos namoros não começaram com os versos de " Minha Namorada ".
Este era o jeito de Vinicius de Moraes de descrever seus amores, tinha sempre a esperança daquela amada ser " a estrela derradeira ".
Apesar de ter tido diversos parceiros e amores, tinha como parceiro definitivo e permanente o amor. Nele acreditava e sabia ser o amor, a única coisa que não tinha limites.
Seu grande amigo João Cabral de Melo descrevia em uma poesia o amor de Vinicius e dos enamorados:

" O amor comeu minha paz e minha guerra.
  Meu dia e minha noite.
  Meu inverno e meu verão.
  Comeu meu silêncio,
  minha dor de cabeça,
  meu medo da morte ". 

  Os três mal amados
  João Cabral Melo



AS CAPAS DOS DISCOS. A REVOLUÇÃO GRÁFICA.

Continuando a contar a história das capas que revolucionaram a indústria dos discos, aproveitamos a capa do disco CAYMMI E VINICIUS NA BOITE ZUM ZUM. Este disco foi uma gravação em estúdio do show (1963).
Histórico, este show e disco marcou um encontro único e também o lançamento das " baianinhas " , assim chamadas pelo Poeta, as integrantes do Quarteto em Cy.
Mas, vamos a capa.
Vocês podem ver que existem 4 pontinhos vermelhos. Isto era uma característica nas capas da gravadora Elenco e marca registrada de Cézar Villela o criador. Ele explica que quando desenhava as capas fazia recortes em vermelho por cima e que na época estava lendo a Cabala e viu que o número quatro era ligado à harmonia. E harmonia tinha tudo a ver com música, daí as quatro bolinhas. Simples e diferente.