30 anos sem Vinicius Parte II







Bossa Nova e Afins

Bem vindos, ao melhor da MPB.
Textos e canções.

domingo, 15 de agosto de 2010

30 anos sem Vinícius- Parte 2

"Haja o que houver
 Há sempre um homem,
 para uma mulher
 Um falso amor e uma
 vontade de morrer
 Seja como for
 há de vencer um grande
 amor
 Que há de ser no coração
 Como um perdão
 Pra quem chorou."

O Grande Amor
Tom Jobim/Vinicius de Moraes(1960)




VINICIUS, A LIÇÃO DE VIVER EM HARMONIA

Vinicius de Moraes, o Poeta da Paixão dizia
" o sofrimento era apenas um intervalo entre duas felicidades"
Mesmo ao romper um relacionamento que sabia não ter mais jeito, sofria. Era um homem de viver em harmonia com todos, não gostava de ter inimigos. Sabia que o ódio e a mágoa não faziam bem a ninguém.
Por isso cantava o amor.
Para Vinicius o grande amor é eterno e sempre presente. Dizia:
"Para viver um grande amor é muito importante viver sempre junto e até ser se possível um só defunto- para não morrer de dor"( Cronica Para viver um grande amor-1960)
Esta cronica foi feita para Lucinha Proença, assim como a canção "O Grande Amor" .
Nos versos de "O Grande Amor" diz com todas as letras da importância deste amor, não quer aventuras e nem quer que ela as tenha, não se satisfaz com falsas promessas ou substituições, quer o principal.
Lucinha foi o grande amor de Vinicius e que ele nunca esqueceu. Ao lado de Lucinha, Vinicius se engrandece como poeta. Escreve vários poemas para sua musa:


É mais do que nunca a minha amada: a minha amada e minha amiga
A que me cobre de óleos santos e é portadora dos meus cantos
A minha amiga nunca superável(O Amor dos Homens- Paris 1957)


Em Montevideu escreve
Não te esqueças de mim que desvendaste
A calma do meu ermo de paz
Nem te ausente de mim quando se gaste"(Retrato de Montevideu 1959)


e outras mais como Retrato de Maria Lúcia(1959), A Outra Face de Lucinha(1959), Soneto do amor como um Rio(1959) que diz:
Este amor meu é como um rio: rio/ Noturno, interminável e tardio


Com  Lucinha Proença como musa, Vinicius não tem nenhuma vergonha em fazer de sua poesia um instrumento de conquista e sedução, a vida imita a arte dizia. A poesia e o estilo de vida de Vinicius se  confundem mesclam-se tornando-se uma coisa única. E assim ele cria com Tom Jobim as eternas canções da Bossa Nova. O Grande Amor, Insensatez(1959), Janelas Abertas(1958), O que tinha de ser(1959), Por toda a minha vida(1959), fizeram parte da fornada romântica em honra de Lucinha Proença.





VINICIUS O MELANCÓLICO OTIMISTA

Como dizia Manuel Bandeira:
"Vinicius tem o fôlego dos românticos, a espiritualidade dos simbolistas, a perícia dos parnasianos e
finalmente um homem bem ao seu tempo, tinha a liberdade, a licença, o esplêndido dos modernos."
Era um melancólico otimista e com sua melancolia fazia sua poesia e  letras, não tinha nada a ver com fossa, aquela tristeza dor de cotovelo. É tristeza-esperança.
Sua inspiração é o amor, a paixão. Apaixonado por Lucinha fica feliz por seu amor correspondido e escreve à um passarinho:
"Para que vieste na minha janela
 Meter o nariz?
 Se foi por um verso, não sou mais poeta
 Ando tão feliz"( !960)
Muitas vezes isto dura muito pouco, o combustível para a poesia, com ou sem música é o sofrimento.
A paixão por Lucinha, guarda não só o amor, mas também o medo de perdê-la e isto passa ser a matriz de seu sofrimento, que demonstra nos versos da canção que fez com Tom, "Eu não existo sem você"(1959)
" Assim como uma nuvem só acontece se chover
  Assim como o poeta só é grande se sofrer
  Assim como viver sem teu amor não é viver
  Não há você sem mim
  E eu não existo sem você"



O AMOR EXIGE CONCENTRAÇÃO E RECOLHIMENTO

Vinícius sabe que se quer fazer o relacionamento dar certo precisa de concentração e recolhimento. Como fazer isto se sua amada cansada de viver fora do Brasil volta para o Rio de Janeiro. O poeta quer voltar imediatamente para os braços da sua amada no exílio de Teresópolis. O Itamaraty não permite sua transferência e ele desesperado escreve uma carta ao Ministro das Relações Exteriores. Num ato de desespero diz que aceita até ir para um cargo inferior e ganhar menos. Com a carta inédita na história do Itamaraty faz seu argumento final. Vamos a um trecho da carta:


" Preciso de fato voltar ao Rio. Não é um problema material, de dinheiro, ou de status profissional. Tudo isto é recuperável. É um problema de amor, pois o tempo do amor é que é irrecuperável."
E assim consegue sua transferência. Não deixa por menos, sabia que na paixão a entrega tinha que ser total.
Vinicius poeta formado no romantismo sabe manipular a felicidade com seus versos, quando fala de experiências tristes, não cede ao ressentimento ou ao amargor. Consegue fazer letras românticas de bom gosto e sem sentimentalismo barato.
O Poeta ao emprestar seu coração à música faz um divisor de águas na música brasileira, o antes de Vinicius e o depois de Vinicius.. Usa seu conhecimento de música e faz também canções sozinho, letra e melodia.     "Serena do Adeus", "Valsa de Eurídice", "Medo de Amar", "Pela luz dos olhos teus", "Tomara" foram algumas delas, mudaram a cara da MPB. Mas, ele gostava mesmo é de parceiros, vivia rodeado deles e falava para quem quisesse escutar sobre amigos:


" ...E eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos.
Se um deles morrer, eu ficarei torto para um lado. Se todos eles morrerem, eu desabo!
Por isso é que, sem que eles saibam, eu rezo pela vida deles.
E me envergonho, porque minha prece é em síntese, dirigida ao meu bem. Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo.("Cronica "A gente não faz amigos, reconhece-os")
Este é Vinicius de Moraes, o Poeta da Paixão.



MOMENTO POESIA

Vinicius de Moraes faz este momento poesia com sua música "Pela Luz dos Olhos Teus"


Quando a luz dos olhos meus
E a luz dos olhos teus
Resolvem se encontrar
Ai, que bom que isto é, meu Deus
Que frio que me dá ....
Pela luz dos olhos teus
Eu acho, meu amor
E só se pode achar
Que a luz dos olhos meus
Precisa se casar


ATÉ A PRÓXIMA

JOÃO CLÁUDIO